Mariana Ianelli_Foto Petronio Cinque

Biografia

Mariana Ianelli (São Paulo, 17 de outubro de 1979) é uma poeta, ensaísta, cronista e crítica literária brasileira.[1]

Mariana é neta do artista plástico Arcangelo Ianelli. Graduada em jornalismo, fez mestrado em Literatura e Crítica Literária na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Seu primeiro livro de poemas, Trajetória de antes, foi publicado em 1999.

Em 2000, esteve na França integrando o evento Le Printemps des poètes, em um ciclo de leituras junto aos escritores Emmanuel Tugny e François Rannou, ocasião em que também se apresentou às detentas da Prisão de Rennes, na Bretanha. Em 1999, participou do ciclo “A Poética – Anos 70, 80 e o Final do século”, no Centro Cultural FIESP. Já colaborou para as revistas Caros Amigos, Bravo! e Aplauso (RS) e publicou resenhas nos cadernos literários dos jornais O Globo, Valor Econômico, e o Estadão.

Foi quatro vezes finalista do Prêmio Jabuti, na categoria poesia, com os livros Fazer silêncio (2005), Almádena (2007), O Amor e Depois (2013) e Tempo de Voltar (2016).[2] Em 2008, recebeu o prêmio Fundação Bunge (antigo Moinho Santista) – Literatura, na categoria Juventude.[3] Em 2011 obteve menção honrosa no Prêmio Casa de las Américas, em Cuba, pelo livro Treva Alvorada, na categoria Literatura Brasileira.[4]

Como ensaísta publicou Alberto Pucheu por Mariana Ianelli da coleção Ciranda da Poesia, pela editora UERJ. Publicou Breves anotações sobre um tigre seu primeiro livro de crônicas em 2013, pela editora ardotempo, que também publicou seu oitavo livro de poesia, Tempo de voltar (2016). Tem poemas publicados em Portugal, Espanha, França, Hungria, Cuba e Argentina.

Estreou na literatura infantil em 2018 com o livro Bichos da Noite[5] ilustrado por Odilon Moraes. O livro foi incluído na lista dos 30 melhores livros infantis lançados no ano de 2018.[6]

Em 2018 participou do circuito de autores do projeto Arte da Palavra, pelo Sesc, ao lado do escritor pernambucano Cícero Belmar. Juntos, os escritores se apresentaram em unidades do Sesc, bibliotecas, escolas e universidades do Rio de Janeiro, Paraná, Espírito Santo e Santa Catarina.[7]

Em 2021, obteve com o livro “Dia de amar a casa” o prêmio Minuano de Literatura, na categoria crônica, pelo Instituto Estadual do Livro (IEL) da Secretaria da Cultura do Rio Grande do Sul.

Menção honrosa no Prêmio Alceu Amoroso Lima, concedido pelo Centro Alceu Amoroso Lima pela Liberdade e Universidade Cândido Mendes em 2021.

Obras publicadas

  • Trajetória de antes, São Paulo: Iluminuras, 1999
  • Duas Chagas, São Paulo: Iluminuras, 2001
  • Passagens, São Paulo: Iluminuras, 2003
  • Fazer Silêncio, São Paulo: Iluminuras, 2005
  • Almádena, São Paulo: Iluminuras, 2007
  • Treva Alvorada, São Paulo: Iluminuras, 2010
  • O amor e depois, São Paulo: Iluminuras, 2012
  • Alberto Pucheu por Mariana Ianelli, coleção Ciranda da Poesia, Rio de Janeiro: UERJ, 2013
  • Breves Anotações sobre um tigre, ilustrações de Alfredo Aquino, Porto Alegre: Ardotempo, 2013
  • Tempo de Voltar, Porto Alegre: Ardotempo, 2016
  • Entre imagens para guardar, Porto Alegre: Ardotempo, 2017
  • Canções Meninas, Porto Alegre: Ardotempo, 2019
  • Manuscrito do Fogo, Porto Alegre: Ardotempo, 2019
  • Dia de amar a casa, Porto Alegre: Ardotempo, 2020
  • Terra Natal, Vitória (ES): Cousa, 2021
  • América – um poema de amor, Porto Alegre: Ardotempo, 2021
  • Moradas, Porto Alegre: Ardotempo, 2021
  • Prazer de Miragem, Porto Alegre: Ardotempo, 2022
  • Vida Dupla, São Paulo: Peirópolis, 2022
  • Dança no alto da chama, Vitória (ES): Cousa, 2023
  • Horas de Etty, Belo Horizonte: Casa, 2023

Literatura Infantil

  • Bichos da noite, ilustrações Odilon Moraes, Curitiba: Positivo, 2018
  • Um dia no ateliê, ilustrações Yolanda Ianelli Fernandez e Alfredo Aquino, coleção Jardim do Vovô, Porto Alegre: Ardotempo, 2019.
  • “A menina e as estrelas”, ilustrações Fereshteh Najafi, Curitiba: Olho de Vidro, 2022.

Participação em antologias brasileiras e internacionais

  • Cintilações da Sombra III – Victor Oliveira Mateus (Org.), ed. Labirinto, Portugal, (2015).
  • Um Extenso Continente – Antologia de homenagem a António Salvado – Maria do Sameiro Barroso, Maria de Lurdes Gouveia Barata e Alfredo Pérez Alencart (Org.), RVJ Editores, Portugal, (2014).
  • Contos Capitais – Marcelo Teixeira (Org.), Edições Parsifal, Lisboa, (2013)
  • Amar, verbo atemporal – Celina Portocarrero (org.), Ed. Rocco, Rio de Janeiro (2012)
  • Caminhos da Mística – Faustino Teixeira (org.), Ed. Paulinas, São Paulo (2012)
  • O prisma das muitas cores – Poesia de Amor Portuguesa e Brasileira, Victor Oliveira Mateus (Org.), ed. Labirinto, Portugal (2010)
  • Los trazos de Pandora – Breves ensayos sobre la nueva poesía contemporánea brasileña, de Martín Palacio Gamboa, Coleção de Areia, (2010)
  • Um rio de contos – Celina Veiga de Oliveira e Victor Oliveira Mateus (Org.),ed. Tágide, Dafundo, Portugal (2009)
  • Dicionário Amoroso da Língua Portuguesa – Marcelo Moutinho e Jorge Reis-Sá (Org.), ed. Casa da Palavra, Rio de Janeiro (2009)
  • Antología de poesia brasileña – Floriano Martins e José Geraldo Neres (Org.), ed. Huerga&Fierro, Valencia, Espanha (2007)
  • Mutações – Itaci, CMS Editora, São Paulo (2003)
  • Roteiro da Poesia Brasileira, anos 90, São Paulo: Global, 2011
  • Qué será de ti?/Como vai você? – Poesía joven de Brasil, org. Luis Aguilar, edição bilíngue, Vaso Roto Ediciones, México (2015)
  • Mística & Literatura – org. Faustino Teixeira, ed. Fonte Editorial, São Paulo (2015)
  • A extração dos dias [poesia brasileira de agora] – org. Gustavo Silveira Ribeiro, Escamandro, São Paulo, (2017)
  • New Brazilian Poems – A Bilingual Anthology after Elizabeth Bishop – 60 poetas brasileiros – organização e tradução de Abhay Kumar, Rio de Janeiro: Ibis Libris Editora, (2019).
  • O livro do sonho de Aldyr Garcia Schlee, organização Alfredo Aquino, Porto Alegre: Ardotempo, 2019
  • Sob a pele da língua – Breviário poético brasileiro, org. Floriano Martins, ARC Edições, 2019.
  • As mulheres poetas na literatura brasileira – organização Rubens Jardim”, Cajazeiras: Arribaçã, 2021.
  • Revolta e protesto na poesia brasileira – 124 poemas sobre o Brasil, Org. André Seffrin, Ed. Nova Fronteira, 2021.
  • No reverso do verso (ensaios), Org. Patricia Peterle, Helena Bressan Carminati e Agnes Ghisi. Ed. Rafael Copetti, 2022. (Ensaio “Primo Levi, poeta: o lúcido mensageiro do obscuro.
  • Contar histórias com a avó ao colo, Org. Teresa Noronha, Escola Portuguesa de Moçambique -Centro de Ensino e Língua Portuguesa, 2021.

Participação em Revistas Literárias brasileiras e internacionais

  • Revista Brasileira, Academia Brasileira de Letras, Número 71, Rio de Janeiro, 2012
  • Cuadernos Hispanoamericanos de Madrid, Número 735, Espanha, 2011
  • Revista da Casa de las Américas, Número 263, Cuba, 2011
  • Pessoa – Revista de Literatura Lusófona, Número 2, (Brasil/Portugal) – 2011
  • Coyote – Número 21, Londrina, 2010
  • Revista Poesia Sempre – Mística e Poesia, Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, 2009
  • Callema – A fenda do texto e do tempo, Portugal, 2008
  • Revista Poesia Sempre, Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, 2008
  • Revista de Ciência e Cultura, Campinas, 2008
  • Revista de Arte e Cultura ETC, Curitiba, 2007
  • Suplemento Literário de Minas Gerais, A nova poesia brasileira vista por seus poetas, edição especial, Belo Horizonte, Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais, maio de 2013
  • Nagyvilág – Revista Húngara de Literatura Mundial, Budapest, abril de 2014
  • Revue Pessoa – Littérature Brésilienne (edition spéciale, Salon du Livre de Paris 2015), ed. Mombak, organizador Leonardo Tonnus.
  • Revista Eutomia de Literatura e Linguística, Departamento de Letras da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), ed. 15, 2015.
  • Revista Pessoa – Contemporary Brazilian Literature, Org. Leonardo Tonnus, antologia digital apresentada no Boston Book Festival, 2015.
  • Revista DiVersos – Poesia e Tradução, nº 25, edição e coordenação de José Carlos Marques, dezembro de 2016, Edições Sempre-Em-Pé, Portugal
  • Palavra – Sesc Literatura em revista, nº 8, Rio de Janeiro, 2018
  • Carnavalhame – Antologia Prosopoética, 3ª edição, Pernambuco, 2019
  • Quaderns de Versàlia, IX”, 2019, Sabadell, Barcelona, Ensaio sobre Cecília Meireles, em catalão – Org. Marcel Ayats, Josep Gerona, Esteban Martínez, Quilo Martínez e Josep Maria Ripoll.
  • Revista Brasileira, Academia Brasileira de Letras, Número 103, Rio de Janeiro, abril-maio-junho 2020
  • Revista Cardinalis. Publicação Científica do Departamento de Geografia. Faculdade de Filosofia e Humanidades, Universidade Nacional de Córdoba, Argentina, n. 17 (2021). Ensaio “Uma investigação genético-arqueológica de ‘América – um poema de amor’”.
  • Revista Casa de las Américas, números 304-305, dezembro 2021-janeiro 2022, Cuba. (Poema “América“ na tradução de Eduardo Langagne).
  • Revista Errancia – Psicionálisis, Teoría Crítica e Cultura, setembro 2021, México. (Poema “América” na tradução de Eduardo Langagne).

Participação em Livros de Arte

  • Cartas, Ignácio de Loyola Brandão e Alfredo Aquino. Iluminuras, São Paulo, 2004.
  • Ianelli. São Paulo: Via Impressa, 2004.
DUPLA NOITE_Lezama Lima

Dupla noite

Dupla noite, 2022, de Lezama Lima, ed. Demônio Negro, São Paulo. Seleção e tradução de Adriana Lisboa e Mariana Ianelli. Posfácio de Marcel Beltrán.

Primeira antologia poética de Lezama Lima no Brasil, DUPLA NOITE reúne quarenta poemas, entre as mais de mil páginas da poesia completa do autor, numa seleta afetiva que traz para o leitor brasileiro alguns dos elementos mais recorrentes do repertório simbólico do poeta cubano, assim como poemas da admiração e da amizade, dedicados a pessoas de seu convívio íntimo, intelectual e literário. Surgido em 2017, esse projeto de tradução buscou desde o início manter vivo e visível o “sistema poético do mundo” lezamiano, sem eliminar, no trânsito entre o espanhol e o português, a inerente complexidade dessa poesia, com suas repetições e ambiguidades. Dos versos de juventude a inéditos em livro, estão aí contemplados cinquenta anos de criação em poemas representativos da densa trajetória de Lezama Lima, coligidos dos livros Inicio y escape, Enemigo Rumor, Aventuras sigilosas, La fijeza, Dador, Fragmentos a su imán, entre outros. A antologia também conta com um posfácio do cineasta e artista cubano Marcel Beltrán, além de um texto introdutório de Adriana Lisboa e Mariana Ianelli, que assinam a seleção e tradução dos poemas deste volume.

Trecho do posfácio de Marcel Beltrán, cineasta e artista cubano:

Para Lezama, a poesia podia ser um sistema de “infinitos entrelaçamentos”. Uma concordância perfeita para a forma. Uma essência que permanece em tudo aquilo que adquire vida, um espaço indefinido entre dois pontos de luz; ou uma chama para tocar a dupla noite de “uma arte incompreensível mas razoável”, como dissera Pascal. Chega assim ao que denominaria de Sistema Poético do Mundo, funcionando como imagem filosófica (um Tao), ou como entidade criada para a absorção do que é cubano no universo: Uma mão que liga um interruptor de eletricidade em Havana inaugura uma cachoeira no Lago Ontário. Como no Atlas Mnemosyne de Warburg, o mecanismo discursivo do sistema de representação evoca uma noção de acaso poético – o que Lezama chamou de “acaso concordante” – diferente da causalidade lógica ou empírica. A associação de duas palavras formando uma imago, como uma relação sináptica de sentidos que estimula um novo sentido, sempre desafiador:

Quando cheguei à minha possível maturidade, ocorreu-me fazer algo temerário, fazer uma loucura que foi o meu sistema poético do mundo, que considero uma tentativa de tentar o impossível. Mas se em nossa época não tentamos isso, o que vale a pena tentar? O que temos que tentar é isso: o impossível.

(…)

A publicação da antologia poética Dupla noite, com seleção e tradução de Adriana Lisboa e Mariana Ianelli, como o próprio Lezama diria, é “uma festa inominável”. O mestre se estende outra vez. Aparece agora transformado em novo ato criativo; piano tocado a quatro mãos para esta bela edição bilíngue. Aqui está o seu “ruído inaudível”, onde se abre outro convite para mergulharmos na infinita possibilidade de sua conquista.

em seu 110º aniversário,
19 de dezembro de 2020,
dia festivo

Marcel Beltrán
(autor do posfácio “Tentar o impossívell“, na antologia poética DUPLA NOITE)


DUPLA NOITE 

Autor: José Lezama Lima 
Seleção e Tradução: Adriana Lisboa e Mariana Ianelli 
Bilíngue: Português/Espanhol 
Capa Dura 
ISBN 978-65-995479-1-1

Ciranda da Poesia

Alberto Pucheu por Mariana Ianelli

Alberto Pucheu por Mariana Ianelli, 2013, ed. UERJ, Rio de Janeiro. Coleção Ciranda da Poesia.

Poetisa e mestra em literatura e crítica literária, Mariana Ianelli volta seu olhar para os poemas e criações do carioca Alberto Pucheu. Ianelli observa a encruzilhada poesia-filosofia em que Pucheu concebe suas experiências poéticas e que podem apontar para uma reavaliação do espaço do poeta. Este título da Ciranda traz ainda quatro trabalhos inéditos de Pucheu, apresentados junto a uma antologia de versos compilados de livros como Na cidade aberta e Escritos da frequentação.

A menina e as estrelas

A menina e as estrelas

A menina e as estrelas, 2022, ed. Olho de Vidro. Ilustrações de Fereshteh Najafi. Selo Altamente Recomendável FNLIJ. Entre os 30 melhores livros da seleção da revista Crescer.

A mãe escolheu para a filha um nome que era um canto de pássaro, mas a menina nasceu em uma terra de pássaros quietos. Toda música quem tocava era o homem do realejo. Ai de quem cantasse qualquer coisa diferente. Ai de quem inventasse alguma nova brincadeira. Ai de quem quisesse qualquer coisa por querer. A menina era só silêncio. Escrito por uma autora brasileira e ilustrado por uma artista iraniana, o conto é dedicado às crianças em terra de pássaros quietos, para que cantem alto e longe um canto que atravesse desertos.

Fereshteh Najafi (ilustrações)

Nasceu em Teerã, no Irã. Sua paixão por cores e traços a fez escolher o mundo das artes para se expressar. Estudou Design Gráfico e Ilustração na Universidade de Arte de sua cidade natal. Em 2008, mudou-se para a Itália e, em 2015, veio para o Brasil. Desde então, mora em Curitiba, no Paraná. Ilustrou mais de trinta obras infantis, incluindo três que ela mesma escreveu. Foi selecionada para várias exposições importantes, como o Nami Concours, na Coreia do Sul, e a Bienal de Ilustração de Bratislava, na Eslováquia. Em 2014, seu livro “Do not open this book!”, em parceria com Fatima Sharafeddine, recebeu uma menção especial no Prêmio BolognaRagazzi, da Feira do Livro Infantil e Juvenil de Bolonha, na Itália.

Capa antologia de crônicas 2023

Turno da madrugada

Turno da madrugada (antologia), 2023, Ardotempo, Porto Alegre. Texto de orelha de Kátia Borges.

Trecho da orelha:

É quase impossível não ler esta antologia de crônicas de Mariana Ianelli com o coração nas mãos. Dizem que o susto é irmão da epifania, andam juntos. A cada passada de página, entre sístoles e diástoles, observamos o mundo por seus olhos. (…)

Viajamos ao redor do mundo, percorrendo cidades, ilhas e vilarejos com nomes inacreditáveis. Vagueamos, leitores felinos, entre títulos que, quando organizados em determinada ordem, desenham aproximações e distâncias nas estantes das bibliotecas. Por alamedas de assombros cotidianos, prosseguimos ao longo das cento e trinta expirações contínuas que subvertem, nesse livro, as técnicas comedidas de respiração da Yoga.

Kátia Borges


Neste livro, Mariana Ianelli escreve a partir do trivial, mas que nas mãos dela se transformam em outra coisa. A autora provoca com esses textos o prazer de ler, seja em qual turno for. Mas, sobretudo, naquele estado de mansidão, de contemplação, que somente as madrugadas proporcionam.  “Turno da madrugada” é um livro composto por imagens fortes, com uma certa musicalidade quase sensorial, preenchido por esses mistérios todos das madrugadas insones, onde memória e observação se embaralham no estado hipnagógico, entre o sono e a vigília.

Ney Anderson

Capa Prazer de Miragem

Prazer de miragem

Prazer de miragem, 2022, Ardotempo, Porto Alegre. Texto de orelha de Ângela Vilma, apresentação de Tiago Maria.

Trecho do texto de orelha:

“Casas amáveis” as tuas, Mariana, diria nossa eterna Cecília. Dentro de ti quanta beleza, amiga querida! “Amiga querida”, é assim a maneira de nos saudarmos, nessa distância que separa a minha casa da tua – que é nada, visto o afeto a nos unir –; lá onde crias, magistralmente, com palavras e sentimento, as coisas mais preciosas. Neste teu livro, as possibilidades de miragem que nos dão tuas mãos: o mar inventado bastando “esperar o sol atingir o ponto em que atravessa a janela do banheiro e então entrar no banho” e “fechar os olhos” (Prazer de miragem); o conhecimento profundo sobre aquela que perdeu para a morte seu ser mais amado: sabes tu que ela  “era quem lhe acompanhava cotidianamente, quem lhe preparava o café quente indispensável, quem lhe cuidava no refúgio da paz doméstica” (Visão); e a pergunta fatal, precursora de todos os desamparos: “Mas dentro, dentro mesmo, quem alguma vez nos viu?”(Nós que ainda sonhamos).

Telepáticas, essas páginas. Pois que nelas vislumbrei um mundo muito melhor para viver. Um mundo possível e acolhedor, onde a poesia reflexiva ecoa numa prosa profunda, bela e bem urdida, a despeito dos seres horrendos, os tais “industriosos da mentira” (Como é possível?) continuarem a nele habitar. Escuto teu conselho, amiga querida, fazendo durar minhas “reservas de miragem”, junto a essas que agora me dás, enquanto “dure esse tempo bruto”.

Grata, imensamente,

Tua

Ângela Vilma

Dia de amar a casa_capa_

Dia de amar a casa

Dia de amar a casa, 2020, ed. Ardotempo, Porto Alegre. Texto de orelha de Cícero Belmar, apresentação de Alexandre Brandão. Prêmio Minuano de Literatura (crônica) 2021.

Trecho do prefácio:

A casa de Mariana é o espaço para onde convergem tanto histórias antigas, íntimas e familiares — em especial as da avó —, quanto novas — com destaque para a relação da escritora com a filha —, mas é também, a despeito de seus tijolos e vergalhões, de suas chaves e cômodos, o espaço que se move e acompanha a cronista aonde quer que ela vá. Se muitos escritores fazem da rua a sua casa, a autora deste livro carrega para a rua a sua casa.

A casa em que se está e a que se leva, duas, mas uma só, são sustentadas pelo amor e pelo conhecimento, portanto uma visão amorosa e erudita é o que se oferece ao leitor. O amor não impede, aliás, motiva a autora a se posicionar vigorosamente contra os desmandos do mundo, em particular o que toma conta de nosso país. Passagens bíblicas, referências a santas, santos ou a um provérbio africano, artistas plásticos, escritores e tantos outros fatos, obras e pessoas citados nunca são ilustrações cosméticas, exibição à toa, longe disso, são a luz que clareia, na voz de Ianelli, seus espantos, alegrias, admirações, dúvidas, frustrações, revoltas, anseios, enfim, o que ela sente e reparte.

Alexandre Brandão

entre imagens para guardar 2017

Entre imagens para guardar

Entre imagens para guardar, 2017, ed. Ardotempo, Porto Alegre. Texto de orelha de Ana Miranda, apresentação de Henrique Fendrrich.

Trecho da orelha:

Impressionam a sua perfeição narrativa, a intensidade, a erudição feminina entrelaçada a realidades e manifestada de modo extremamente natural. A universalidade de seus elementos. Suas observações surpreendentes. As imagens espantosas. Emocionam a leveza no trato dos temas e no uso poético das palavras e a força do essencial – a poesia é capaz de dizer tudo num só verso. Estas fascinantes crônicas, ou ensaios poéticos, por vezes pequenos contos, se compõem de elementos escolhidos com o crivo da verdade íntima. Tudo é pedra de construção. (…)

Mariana tece conversas com o tempo, desafia o esquecimento. Com palavras escritas em tinta indelével, forma pinturas sutis, de cores tênues. Pinturas literárias que renovam o rigor e a força fundamental da família. Co um tremendo senso de responsabilidade humanitária, Mariana nos mostra verdades pelo avesso. Ele nos revela o que não vimos, e o reverso do que vimos. Círculos do inferno, grandes sofrimentos, alegrias idílicas, dores miúdas, as misteriosas razões do cantar…Em imagens, transparências, luminosidades. Instantes que nos tocam o sentimento, e que vamos guardar para sempre nos jardins mais floridos da memória.

Ana Miranda

Breves anotações sobre um tigre

Breves anotações sobre um tigre

Breves anotações sobre um tigre, 2013, ed. Ardotempo, Porto Alegre. Texto de orelha de Luís Henrique Pellanda, apresentação de Ignácio de Loyola Brandão.

Trecho da orelha:

Estas crônicas me enriqueceram antes mesmo de virarem livro, já as havia lido ao menos duas vezes, a primeira no Vida Breve (publicação em internet), onde eram publicadas aos sábados e me davam, como tão bem sugeria a autora, “algum prazer de sombra no fim de uma semana ensolarada”. Fui um leitor feliz e não escondo: sou grato a tudo que me dá algum prazer.

(…)

Na escrita, nos diz a Mariana, há uma espécie de dança de Salomé. Também acho. Só nos falta saber o que de nós será arrebatado ao fim da dança das páginas. E agradecer à poeta por ter se entregado com tamanha paixão à crônica. Ou seja, por ter se apaixonado por nós.

Luís Henrique Pellanda