Mariana Ianelli — em seu afresco de sombras e quedas de água, ligeiras desesperações, vozes líquidas, quase serenas, na solfa dos pássaros, no canto de Salomão e sobretudo na ferida noturna e grave de João da Cruz — atinge uma altitude inconteste.
Poética da memória e do porvir, devolução do que se esqueceu, do que ainda se persegue e se ignora, ela transfunde o tempo que se foi no que se segue, esculpe um pendular imóvel - puro milagre de linguagem.
A poesia de Mariana Ianelli apresenta uma rara conjugação entre um registro discursivo de extração clássica e uma inquietação subjacente que tensiona o clássico e o desestabiliza por meio de alta voltagem metafórica.