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Moradas

Moradas, 2021, ed. Ardotempo, Porto Alegre. Texto de orelha de André Seffrin.

Poeta de impulsos simbolistas, nessa que é uma das correntes mais ricas de nossa literatura., Mariana Ianelli, coloca a fábula e o espanto novamente no centro do palco. E sempre foi assim, desde o início, há cerca de duas décadas. Porventura agora parece mais densa em Moradas? Talvez. Saberá o leitor que percorrer seus livros anteriores, quando à luz de epígrafes-guias o poeta se põe em movimento órfico e perquiridor…



Que mundo outro é este que se salva e tão volátil
De céus guardados por olhos que se abriram
E mesmo atrás das pálpebras não se fecham mais?
Que mundo outro brota do nosso mundo maltratado
E o salpica de labaredas e põe luz nas mãos em concha
Como aqueles que têm de si apenas os próprios corpos
E porque se amam veem pilares e torres e festins
Jardins com figos do tempo recém-chegado de cantar
Que mundo outro é esse que se abre neste mundo
Que nos serve a polpa de seus frutos e perfumes
E enquanto continuarem nossos olhos noutros olhos
Continuará a dar de beber em taça cheia sua verdade

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